Os devotos e admiradores do médium Chico Xavier não percebem o nível de responsabilidade que dão ao médium por considerá-lo "símbolo máximo da bondade humana". Sabe o que é ser símbolo máximo de bondade? Não é qualquer gentileza de escoteiro que deve ser considerada como tal.
Para que o médium pudesse de fato ser considerado a "bondade máxima" é insuficiente que seja o que ele foi de fato. Xavier fez muito pouco pela humanidade. Quase nada. Foi apenas bonzinho como qualquer mortal, eu e você. E a sociedade nada mudou um milimetro sequer por causa de alguma coisa que o falecido médium mineiro tenha feito. E é aí que mora o problema.
Para que todo o mérito de "máxima bondade" possa ser dada ao médium, as mudanças teriam que ser visíveis e radicais. Problemas teriam que ter sido extirpados na marra, com bastante força. Força que o médium nunca demonstrou em sua personalidade, o que já seria suficiente para desmentir o mito de "bondade máxima".
Os verdadeiramente bons são decididos. Tem personalidade forte e são militantes, lutando até o fim por uma causa, algo nunca visto em Xavier, que teve uma personalidade de molenga e teve uma bondade que possamos considerar como omissa. Sim, uma bondade por omissão, pois o médium era como uma criança, sendo bonzinho mais por ingenuidade do que por convicção.
Poderia parar o texto por aqui, pois só isso já derrubaria o mito. Mas como Xavier tem um exército de defensores, irascíveis, mas tão ingênuos quanto o seu "guru", temos que colocar mais provas de desmitificação.
As "mães" de Chico Xavier
Vão dizer que "Xavier recebeu mensagens de filhos mortos, consolando mães desesperadas". Posso parecer insensível, mas quanto a isso, tenho que dizer três coisinhas:
1 - O desespero dessas mães soa, além de irracional e incontrolável, uma falta de fé. Sim, pode parecer contraditório, mas é uma falta de fé. Se tivessem fé, se conformariam com a ida de seus filhos e os deixariam em paz, sabendo que ninguém fica pior no mundo espiritual do que estava quando encarnado.
2 - E quem garante que os espíritos comunicantes eram sempre os dos filhos evocados? Cada caso é um caso e muitos podem ser na verdade de espíritos obsessores interessados em brincar com o sentimento das mães desesperadas. Claro que algumas comunicações são legítimas, mas na maioria dos casos, os filhos não podem ou não querem se manifestar, abrindo caminho para espíritos farsantes assumirem as identidades evocadas para ludibriar. Convém lembrar que não era hábito de Xavier checar as comunicações, algo recusado propositadamente pelos seus próximos, muito mais interessados em incrementar o mito do médium do que beneficiar aquelas mulheres incontroláveis.
3 - E não seria melhor deixar os filhos mortos em paz? Ou será que isso justifica o desespero irracional e materialista das mulheres que subconscientemente sentem a perda dos filhos como quem perde um órgão do próprio organismo? Que elas aprendam a se controlar e aceitem a morte não como um fim, mas como uma viagem, onde pessoas amadas terão a oportunidade de se reencontrar, já que o amor verdadeiro é como um imã, além de ser ponto básico e útil para a evolução espiritual mútua de quem se ama.
Ou seja, Xavier não estava fazendo nenhuma caridade em tentar se comunicar com os filhos mortos dessas mulheres, apenas alimentando ilusões e o desespero. Talvez uma conversa franca e racional pudesse ser mais eficiente para que estas mães abandonassem o desespero e encarassem os fatos com maior equilíbrio. E ele fez isso. Claro que não! Preferiu alimentar a brincadeira, transformando isso na sua Tábua Ouija, piorando ainda mais as coisas.
A grande maldade cometida por Chico Xavier
Aliás piorar, é o que Xavier fez em sua carreira de "filantropia". Cometeu um gravíssimo erro que poderia até mesmo ser considerada a sua maldade culposa: a de atrapalhar e adiar a evolução espiritual de seus seguidores, através da deturpação criminosa do Espiritismo que desviou todos os focos da elucidação intelectual necessária para a compreensão doutrinária.
Não sabem os defensores do médium que a compreensão melhor do Espiritismo iria, mesmo indiretamente e gradativamente, acabar com todos - eu disse TODOS - os problemas da humanidade. Desde os mais simples aos mais complexos, o Espiritismo nos daria o embasamento intelectual moral necessários para que ajamos de forma ativa e responsável para a mudança social.
E o que Xavier, o "bondoso" fez? Ele preferiu estimular a caridade estereotipada, um assistencialismo que não melhora nada, uma forma de ajuda paliativa e ilusória que serve muito mais para criar vínculo e dependência dos ajudados perante centros e instituições de caridade do que realmente melhorar vidas. Mais um de seus atos de travamento social que estimulou em nome da "bondade máxima".
Mudanças que provariam que o mito de Xavier tivesse certo
Para que o mito de exemplo de bondade máxima de Xavier pudesse ser verdadeiro, várias coisas deveriam acontecer para justificar este mito.
Para começar, Xavier combateria a FEB contra a deturpação. Teria uma personalidade firme, enérgica, dura sem ser agressiva, recusando a fazer a deturpação que tanto contaminou a doutrina no Brasil. Procuraria ignorar os "conselhos" de seu pseudo-mentor Emmanuel (na verdade seu obsessor) e de seu capanga "André Luiz" e procuraria estudar melhor a doutrina, acabando com a sua indecisão doutrinária que o fez inserir características de sua crença verdadeira, o Catolicismo, na forma deturpada que o consagrou.
Aliás, Xavier nem precisava ser espírita para melhorar, já que temos muitos exemplos de católicos humanistas, principalmente na Teologia da Libertação (mas também fora dela), que lutam por melhorias reais da sociedade em vez de ficar unindo frases de paz e amor com erros doutrinários.
Para que Xavier pudesse ser considerado como seus defensores dizem, Uberaba, cidade onde viveu a maior parte do tempo (sua indecisão em escolher a sua doutrina favorita o excomungou da igreja de sua cidade natal, Pedro Leopoldo, fato que o envergonhou muito), teria uma qualidade de vida que seria considerada a melhor do mundo, já que por ser a "bondade máxima", Xavier teria lutado com todas as suas forças para que a cidade pudesse eliminar qualquer forma de injustiça e qualquer tipo de problemas.
Mas aí chegam seus defensores: "mas Jesus lutou e o Oriente Médio não melhorou sua qualidade de vida". Claro, se lembrarmos que Jesus foi assassinado e não conseguiu concluir o seu objetivo, o que não era o caso de Xavier, que morreu bem velhinho sem ter feito nada disso na sua longa vida.
Por causa de Chico Xavier, adiamos nossa evolução espiritual
O próprio Espiritismo, se Xavier fosse realmente responsável, serviria de base teórica para que muitas mudanças sociais pudessem ser feitas. Não a "revolução da sopinha", aquela que conforta provisoriamente, mantendo o vinculo de dependência entre o "caridoso" e o "ajudado".
O Espiritismo original oferece uma oportunidade de desenvolvimento intelectual sem igual e que foi propositadamente negligenciada pelos deturpadores da doutrina, interessados em criar uma igreja igual as outras que lhes servisse de aquisição de dinheiro e de poder. E Xavier, a "bondade máxima" personificada, ingênuo como um carneirinho e perdido como um cego no meio de um tiroteio, preferiu apoiar, por ser muito mais seguro a seu interesse pessoal.
Com essas provas todas, concluímos que Chico Xavier, estigmatizado pela sociedade, incluindo até mesmo laicos e fiéis de outras crenças, como "maior exemplo de bondade", nunca possuiu de fato qualidades e atitudes condizentes a mitologia semi-divinal construída ao seu redor.
Chico Xavier era um homem gentil como qualquer um: e nada mais do que isso
De uma vez por todas somos obrigados a reconhecer que Chico Xavier não passou de um ser humano comum, com uma bondade limitada, a mesma que pessoas como eu e você somos capazes de ter. Na verdade uma gentileza bem básica e simplória que não faz de ninguém um exemplo de "bondade máxima" comumente atribuído ao médium de personalidade fraca.
Uma "bondade" que além de não melhorar em nada a sociedade, ainda cometeu a gravemente danosa atitude de deturpar uma doutrina que aceleraria a evolução intelectual da sociedade.
Por isso, graças a esse "homem bondoso" adiamos toda a nossa evolução espiritual para mais uns 3000 anos. Isso se a FEB não construir outro mito a nos ludibriar.