OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

IMPORTANTE: Este blogue não tem a pretensão de ser um site científico e nem de ser uma fonte para estudos. Apenas lançamos as questões e estimulamos o debate e a análise, servindo apenas para ponto de partida para estudos mais detalhados. Para quem quiser se aprofundar mais, recomendamos a literatura detalhada das obras de Allan Kardec - principalmente "O que é o Espiritismo" e visitar fóruns especializados, que não façam parte da Federação "Espírita" Brasileira.

Os textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e correspondem ao ponto de vista pessoal de seus responsáveis, sejam ou não resultado de estudos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O igrejismo anti-espiritólico

Mesmo entre os que recusam a influência da FEB e de seus ídolos construídos (sobretudo o médium Chico Xavier), há um desejo secreto de transformar o Espiritismo em uma crença religiosa, mesmo admitindo a base científica. Essa polêmica tem se arrastado entre debates incessantes em fóruns e redes sociais, ainda bem longe de se chegar a um consenso.

A natureza não dá saltos. Durante muitas décadas, o Espiritismo foi associado a religião. E um costume errado, mas tão duradouro, não pode desaparecer assim tão facilmente, fazendo com que alguns seguidores da doutrina ainda desejem manter alguns aspectos "febianos" mesmo na versão corrigida que retoma o valor original da doutrina.

O próprio Kardec enfrentou essa polêmica. Criador de uma ideologia nova e até agora mal compreendida, mas em franca expansão, deixou em aberto seus pontos, justamente para poder se expandir e se atualizar. Atualizar complementando-o e não recusando-o como fazem os espiritólicos.

Kardec havia dito que o Espiritismo não era uma religião. Isso no sentido de seita, de igreja. A palavra religião (que eu considero supérflua), aparece no sentido de ligação com Deus. Mas creio ser inútil essa discussão pois definir Espiritismo como religião ou não, não irá mexer com sua características.

Na verdade, considero o Espiritismo uma ciência. Tudo aquilo que é desconhecido como matéria para nós, merecia uma ciência que o estudasse. O Espiritismo seria essa ciência, mas a sua associação com a religiosidade desviou de seu foco. Ser "bondoso" e "agradar a Deus" virou prioridade em relação aos estudos que pudessem entender outros estados da matéria, da anti-matéria, como é estruturado o mundo espiritual, as outras dimensões etc..

Mesmo até para os que se interessam pela parte científica, abrir mão da parte religiosa não parece confortável. Rotular o Espiritismo como religião soa para os defensores dessa tese como uma forma de garantir uma "submissão divina" que os faz crer que estamos amparados por uma energia invisível. Em termos grosseiros: ainda precisamos de alguém para nos cuidar, como uma babá.

Claro que existe uma energia que organiza tudo. Mas ela não é um ser  com as qualidades que conhecemos. Mas mesmo esta consciência dispensa o caráter religioso do Espiritismo, já que até para entender como funciona essa "divindade" será muito mais necessária a lógica do que a moral, esta útil em outros aspectos, e reforçada com o desenvolvimento intelectual que é normalmente desprezado por grande parte da sociedade brasileira.

Noto que mesmo entre os espíritas dispostos a romper com os dogmas da FEB, existe algumas pessoas sedentas por um certo igrejismo. É compreensível, pois por muitas décadas acreditaram em uma igreja espírita. Derrubá-la não é tarefa fácil, pois a racionalidade laica não lhes parece agradável, embora necessária. Dissociar o Espiritismo de qualquer tentativa de religiosidade seria o ideal, pois manteria o foco nas pesquisas e no desenvolvimento intelectual, que nos ajudariam a compreender melhor o que acontece em outras dimensões desconhecidas das nossas.

A parte moral, além de satisfatoriamente cuidada pelas outras religiões, ela se  desenvolveria melhor se houvesse o avanço intelectual, pois entendendo logicamente a necessidade coletiva, ficará mais espontâneo respeitar os direitos alheios, colaborando por um mundo mais justo e benéfico. O desenvolvimento intelectual deve vir antes, pois é nossa prerrogativa usarmos o raciocínio e aprender a usá-lo melhor é que nos fará preparados para encarar questões mais completas e entender aquilo que por enquanto chamamos de "Deus" ou qualquer tipo de divindade.